quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

- O Deus Louco - 2º Temporada - Parte 2


O INÍCIO DOS PROBLEMAS...

-Boa tarde, tudo bem? – ela me perguntou, com um sorriso do tipo ‘você é mais um bobalhão aqui, me dando um salário maravilhoso’.
-Não, Verônica – eu falei, com uma voz embargada de choro (mais pelo valor daquela consulta, do que pelos meus próprios problemas).
-Quer falar sobre isso?
*pause*
porra! Se o cara entra na PORRA do consultório, e, com a voz embargada de choro... ela ainda se permite perguntar se ele quer falar do problema?! É OBVIO QUE EU QUERIA FALAR DO PROBLEMA, VERÔNICA, SUA PIRANHA! Se estou ali, é porque quero! Ficar calado é só em filme, quem entra num consultório fala, fala até o que não deve, só pra fazer a consulta valer!
*play*
-Verônica, eu estou ficando louco, louco mesmo – eu falei, e agora o choro era por conta disso.
-E o que te faz pensar nisso?
-Eu sou um deus, Verônica, um deus louco!
-Todos somos o que queremos ser, mas isso não pode prejudicar quem você é; você pensa o que sobre isso? – ela falava numa voz tão mansinha, parecia até que estava querendo me adestrar; só não sabia se eu ia ganhar ossinho no final da consulta.
-Penso que como deus dos Humns, eles precisam de mim... Mas vim aqui saber... Como posso, eu, um deus, estar louco, Verônica?
-O que é um deus, para você?
-Vê, um deus é um ser úncio, saca? Ele é simplesmente FODA! Ele cria e quebra coisas sem nem encostar em nada... Esse sou eu! Como eu posso estar louco?
-Você está louco por que?
-Porque eu sou um deus! Eu penso em tudo ao mesmo tempo! E as coisas me enlouquecem por isso... Consegue entender, Vê?
-Aonde você é deus?
-Em Cinnamon... Olha, se você quiser te levo lá, uma belezura aquele lugar... Eu que criei. Lá eu sou deus... Perfeito, quer ir?
-Onde estamos agora?
-Aqui é seu consultório, né? Eu hein... Não to maluco assim não. Eu sei onde é Cinnamon, porque sou deus, lá, e aqui é o seu consultório, não é verdade?
-Sim, exatamente... Quis dizer, em que terra estamos; não é Cinnamon, você já disse. Está certo?
-Sim, doutora, ta certo...
-E de onde mesmo você é deus?
*pause*
cara! Naquele momento eu acreditei, nos meus mais terríveis pesadelos, aquela mulher tivesse visto tanto Chaves e Chapolim quanto eu! Ela estava me irritando, me fazendo de maluco... mais do que eu já me sentia.
*play*
-De Cinnamon!
-Então meu querido, você não está louco, porque aqui não é Cinnamon... Só existe este lugar, se você quiser que ele exista, e lá, você é louco; o que você acha disso?
-Cara, eu acho que você ta tentando me fazer ver que Cinnamon não existe, para que eu deixe de dizer que louco e assim você fica feliz e eu vou embora... – eu falei, meio chateado com a Vê, pow, impacientona, bicho! – Mas eu não vou dizer que Cinnamon não existe, porque existe e eu conheci o carinha da folha, lá... Eu até conheci os outros deuses, e várias amigas minhas também eram deusas lá... Pergunte a elas então.
-Você já perguntou?
Cara, vou te dizer... Que vontade que eu tive de socar Verônica, bicho! Como é que ela mete uma dessas pra mim, brother? Se eu já tinha perguntado as minas? Pow... ela tava de sacanagem comigo... Acho que ela também era de Cinnamon, e o povo de lá gosta de sacanear os deuses...
Mas, por via das dúvidas, fui eu na casa da Tay... Tipo, e eu não em incomodei de pagar passagem e esperar pacientemente aquele motorista filho da puta, parar em todos os sinais laranja e ainda por cima parar onde nem era ponto. Cheguei eu:
-Vinhaduuuu – a tay gritou essa porra, quando abriu a porta, bicho... todos saberiam da minha homossexualidade a partir daquele momento.
-E aí gata – eu falei, meio sedutor quando entrei – preciso de te fazer uma pergunta.
-Faça, amore – ela falou, sorrindo pra mim, toda se querendo.
-Você é a deusa de Cinnamon também, não é? – eu perguntei, assim, sem medo de ser feliz.
-Amor, Cinnamon é ótimo, mas não nesse momento... Você ta bem?
*pause*
porque, sempre que a pessoa pergunta isso, ela já está com uma cara de preocupação, bicho? A pessoa já pergunta sabendo que tem merda ali, mas, ainda assim, a pessoa pergunta! Brother... é muita esquisitice no mundo, não vamos julgá-las, né?
*play*
-Eu to, claro! – eu disse, tentando fazer uma cara de sóbrio, sem me entregar a esquizofrenia que cismava em querer atacar-me – É que hoje fui na Verônica... To um pouco confuso.
-Tá, então vamos tomar uma cervejinha que isso tudo logo vai passar... – ela falou, levantando-se do sofá.
*pause*
reparem que ninguém nem sequer da porta nós saímos. Vá lá.
*play*
Cara, eu corri! Saí pela porta, desesperado, sem querer saber o que a Tay ia fazer. Ela na certa buscaria uma cerva bem consistente, geladíssima e pronta para uso... Mas, se eu bebesse quem daria créditos á alguém que fala de Cinnamon bêbado?
Resolvi que ia na casa da Naty...
Liguei a cobrar para o trabalho dela, e ela me retornou.
-Fala – ela disse, suavemente, quando eu berrei um alô descontrolado – Ta no trem, cara?
-Não, porra! To na rua! Preciso de você, cara! – eu dizia para o telefone, como se ele fosse alguém.
-Calma, aonde você está?
-Cara, diz pra mim que você é uma deusa em Cinnamon?
-O que?! – ela perguntou, meio abobalhada – Essa história de novo? – ela meio que bufou as ultimas palavras.
Eu desliguei o telefone... Porra! Nem a Nati, bicho... Tipo, as minhas opções estavam restritas agora... E uma delas, pelo menos, deveria conhecer Cinnamon, senão eu teria de concordar com a puta da Vê, de que Cinnamon não existia... E aquilo seria o fim de todos aqueles cabeçudos...

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